Apresentação do Contrato de Desempenho Energético implementado pela ÂMAGO-Energia Inteligente, Unip. Lda no PESTANA VIKING HOTEL na Praia da Sra. da Rocha – Alporchinhos – Lagoa, com financiamento do FAI – Fundo de Apoio à Inovação.*
O Hotel Viking reunia condições particularmente vantajosas para a redução dos Custos de Energia. É um Edifício dos anos 70, tendo sofrido remodelações ao longo dos anos, mas mantendo a maioria dos Sistemas de Climatização originais.
Tem um conjunto de características construtivas e de sistemas que o tornam muito especial. A construção é todo tipo túnel, ou seja, inteiramente em Betão. Neste Edifício não existem tijolos, apenas betão e vidro, o que o torna termicamente pouco eficiente e muito dependente de climatização ativa para manter o conforto dos clientes.
Um Chiller só frio agua/agua com Torre de Arrefecimento ainda original fazia o arrefecimento.
Duas caldeiras a gasóleo produziam todo o Aquecimento Ambiente no Inverno e toda a AQS- Água Quente Sanitária durante o ano. O Gasóleo de Aquecimento está quase ao preço do Gasóleo Rodoviário, tornando-se uma energia cara.
A Âmago concebeu e propôs o Contrato de Desempenho Energético tendo por base os pressupostos do AVISO 01/2013 do Fundo de Apoio à Inovação.
Foi efetuada uma profunda Auditoria Energética no âmbito do Certificado Energético obrigatório para esta candidatura e realizada a Simulação Térmica Detalhada do Edifício. A resposta dos futuros equipamentos de Climatização foi estuda pormenorizadamente calculando um EER-Energy Efficiency Ratio e COP-Coeficient of Performance para todas as horas do ano para vários Chillers reversíveis tendo em conta a carga térmica necessária em cada hora e a Temperatura Exterior media para essa hora.
Este estudo permitiu calcularmos um espécie de SEER-Seasonal EER e um SCOP- Seasonal COP especifico deste Edifício para cada Chiller analisado.
O Edifício consumia cerca de 2500 MWh por ano em que o AVAC-Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado incluindo AQS representava cerca de 42% e a Iluminação cerca de 26%.
A analise do Esquema de Principio e da instalação existente evidenciou algo muito antigo e obsoleto, face às novas tecnologias e às novas formas de ligar os equipamentos. Perceber como a instalação funcionava ouvindo as pessoas da Manutenção para conhecer a forma como eles operam, os problemas e as queixas dos vários utilizadores como a Cozinha, Restaurante, Recepção, Quartos e Piscinas foram fundamentais para conhecermos o estado atual e pensarmos o futuro.
Perante a oportunidade de termos quase uma tela em branco, foi dada liberdade à capacidade criativa da nossa engenharia por forma a obter o edifício mais eficiente possível a partir deste diamante em bruto. Foram simuladas muitas opções, algumas delas fora do que é habitual nos sistemas AVAC, mas aqui tínhamos de pensar “fora da caixa”, tendo chegado às seguintes Medidas de Melhoria Principais:
- A grande revolução consiste na alteração do Esquema de Principio de todo o Sistema Central. Passamos a ter um chiller com Velocidade Variável no Primário, Recuperação de Calor parcial a temperatura elevada, produção de Calor em contra corrente com o consumo de AQS e uma Bomba de Calor auxiliar;
- Instalação de um Chiller Reversível que faz toda a produção de Arrefecimento, Aquecimento e maior parte da Necessidade de Agua Quente Sanitária. Optamos pelo que tinha melhores valores de EER e COP no Eurovent e no nosso estudo, mas também aquele que conseguia atingir os valores de Recuperação de Calor pretendidos. A opção recaiu no BLUEBOX TETRIS HP 2 A 34.4 ;
- Bomba de Calor para Recuperação do Calor dos Condensadores Frigoríficos, 15 kW térmicos;
- GTC-Gestão Técnica Centralizada ITELMATIS concebida em parceria com a ÂMAGO será a única forma de conseguir conduzir toda a instalação de forma automática para obter os melhores resultados. Controlo de Toda a Central Térmica e UTAS.
- Revisão de todos os equipamentos consumidores de Energia ligados ao AVAC, Piscinas e Cozinha tendo em conta o controlo e operação diária tentando que alguns comportamentos consumidores de energia melhorem. Foi feito o recomissionamento em alguns casos.
- Válvulas de Regulação Dinâmica de Caudal Constante para as UTAs e VentiloConvectores dos Quartos FRESE, combinadas com Bombas de Circulação com Velocidade Variável;
- Isolamento Térmico de toda a rede de distribuição de Agua Quente Sanitária e na Central Térmica;
- Instalação de um sistema de desinfeção da agua quente por Dióxido de Cloro para evitar os choques térmicos frequentes e poder reduzir a temperatura de Distribuição da AQS;
- Redução da Potencia Contratada e da Potencia nas Horas de Ponta com apreciável redução destes custos parasitas…
Este Investimento permitiu obter nos meses de Julho e Agosto de 2016, ainda numa fase de ensaios e afinações uma poupança face à Baseline superior a 200 000 kWh mensais, 68% em Gasóleo e 41% em Eletricidade, tornando o projeto extremamente interessante e exemplar para o GRUPO PESTANA e a ÂMAGO.
Conseguir reduzir os custos com Investimentos Tangiveis é fácil comparado com MANTER os custos baixos e fazê-los descer ao longo do tempo.
Para isso é preciso aprender a conduzir a Instalação Central e estar permanentemente focado no nosso objectivo que é a redução de custos e a redução da dependência do petróleo duma forma geral. A ÂMAGO faz isso mantendo um Engenheiro a analisar em permanência o comportamento da instalação, a evolução e previsão do clima para prever as melhores opções para o próximo dia e analisando os consumos de energia, tudo isto em conjunto com os dados enviados pela GTC, alertas e alarmes automáticos que detetam precocemente anomalias e ineficiências.
É a combinação dos sistemas automáticos de GTC e Gestão integrada de Energia com a massa cinzenta dos nossos engenheiros olhando para soluções micro ao nível dum equipamento ou do controlo desse equipamento ou a soluções macro ao nível de todo o Edifício, que permite chegar aos melhores resultados e continuar a diagnosticar e a implementar melhorias durante a vida do contrato que melhorem ainda mais a performance energética do edifício tornando-se parte ativa do Programa de Sustentabilidade do Grupo Pestana.
Ganhar o concurso do FAI foi muito importante pois significou financiarem 70% do Investimento necessário sendo o restante coberto com capitais próprios. Trata-se de um financiamento sem juros com um ano de carência e 3 anos para devolução do montante.
Este método de financiamento reduz bastante os custos e resolve aquele que é normalmente o maior obstáculo aos Contratos de Desempenho Energético: O financiamento.
Esperamos que este Case Study bem-sucedido possa ser um exemplo para os futuros mecanismos de garantia Europeus e do Estado Português. Ao reduzir o risco percebido pelas entidades financeiras o custo do dinheiro baixa, os investimentos ficam mais baratos e ficamos todos a ganhar, a começar por Portugal, reduzindo as importações de Combustíveis Fosseis.
O programa POSEUR deveria ser uma alavanca destes contratos, mas continuamos ansiosamente à espera de novidades.
A ÂMAGO continua empenhada em reduzir os custos Energéticos em Edificios e Industria e está a promover mais Contratos de Desempenho Energético pois é a forma mais segura para o cliente de obter reduções dos custos de energia e água.
* In Revista Edifícios e Energia Nº107, Setembro/Outubro 2016